6 de setembro de 2011

Obrigada


Às vezes ponho-me a pensar naquilo que tenho e naquilo que não tenho, naquilo que sempre quis e que nunca tive. Recordo momentos que vivi e que prometi nunca mais lembrar, revivo episódios da minha vida que amava repetir, encho a cabeça com coisas boas e más que a vida trás e leva ou que simplesmente insiste em deixar na minha vida.
Quando olho para trás tenho a sensação que não vivi nada, 18 anos parados no tempo sem grandes alterações inesperadas, vida monótona com altos e baixos, mas sem aquela montanha-russa enorme que muitas vezes dá emoção à vida. Sinto-me só mesmo com tanta gente à minha volta, sinto que na maior parte das vezes não expresso os meus sentimentos e que aí reside toda a solidão que muitas vezes me invade.
Há uma coisa que nunca muda nas pessoas, é a sua natureza. E a minha permanece sempre. Aquela miúda que sonha a toda a hora, que sorri, ri e dá gargalhadas por tudo e por nada e por muitas coisas que não têm piada nenhuma, está aqui.
Acontece que tenho medo do futuro. Não tenho aquele espírito destemido, aventureiro que já tive em tempos. Em enfermês diria que estou na transição da fase adolescente para a fase adulta. E está a ser um pouco complicado, confesso. Tenho medo das responsabilidades, tenho medo de ter que desistir de algo que quero muito, tenho medo de perder a minha essência, as minhas companhias e, acima de tudo, a minha alegria.
Depois da tempestade vem sempre a bonança, é o que se costuma dizer. Qual será a minha recompensa depois disto tudo? Qual será o presente depois de um ano terrível? Estou ansiosa.
Tenho quase a certeza que devo ter sido muito feliz na outra vida. Muita gente não se apercebe, mas eu vivo quase sempre com o coração bem apertado. Muita gente acha absurdo aquilo que eu gosto e que basicamente respiro, como Vitória, música, facebook, blogue, Enfermagem, telemóvel, mas na maior parte das vezes servem como mecanismos de escape e de defesa para não pensar em muitas coisas que aconteceram, outras que acontecem e também outras que potencialmente poderão acontecer.
Choro quase todos os dias. Choro sem razão perceptível, muitas vezes sem motivo. Às vezes sinto falta de um abraço, de um sorriso, de um aperto de mão. Sinto falta de pensar aberto, de encarar o mundo sem medos. Estou mal e tenho todo o apoio do mundo, mas não basta. Sinto-me orgulhosa dos meus amigos. Mesmo sem se aperceberem fazem coisas que me aconchegam o coração e o libertam, por momentos, de todos os receios. Mas há momentos em que as forças desabam, em que todos os alicerces que formam a minha personalidade se desmoronam e nada mais há a fazer para além de chorar até as lágrimas secarem. Amanhã estarei camuflada de todas as forças novamente e por instantes serei feliz outra vez. Autêntica e soberbamente feliz. Obrigada.

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